quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Da Bíblia

                A "Bíblia" é, na verdade, um conjunto de livros (74 para ser mais exacta). Alguns mitológicos, outros históricos, outros proverbiais, entres outros. Esta biblioteca marcou a minha personalidade, moldou a minha base de princípios, ajudou-me a encontrar muitas das respostas que não encontrei em mais lado nenhum e ensina-me sempre que a revejo a olhar para ela com outro olhar, a entender mais do que o que é explícito e linear. Assim tento fazer sempre com o mundo.
                Um dos textos que mais me marca, ainda hoje, é um que já partilhei várias vezes, que muitos conhecem sem conhecerem a fonte e que é lida em milhões de casamentos todos os dias e, ainda assim, é ignorado. É um texto sobre amar. Amar qualquer um que se cruze connosco. É uma utopia para a maioria de nós. Para mim, será sempre um lema.

                "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia, saiba todos os mistérios e todo o conhecimento e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.
                O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
                Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
                Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
                Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido.
                Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor."
(São Paulo in "I Coríntios")

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A Avó

A minha avó tem estado a morar connosco por motivos de saúde. E, ao contrário do que muitos possam pensar, tem sido uma bênção. Apesar de muitas vezes nos chatearmos, eu adoro tê-la comigo todos os dias. E, por isso, esta selecção é para ela, para a minha avó que já partiu e para todas as outras.
A Avó

A velha acorda sorrindo,

e a alegria a transfigura;
seu rosto fica mais lindo,
vendo tanta travessura,
e tanto barulho ouvindo.

A avó, que tem 80 anos,
está tão fraca e velhinha!...
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
com os desgostos humanos.

Hoje, na sua cadeira,
repousa, pálida e fria,
depois de tanta canseira:
e cochila todo o dia,
e cochila e noite inteira.

Às vezes, porém, o bando
dos netos invade a sala...
Entram rindo e papagueando:
este briga, aquele fala,

aquele dança, pulando...

Chama os netos adorados,
beija-os, e, tremulamente,
passa os dedos engelhados,
lentamente, lentamente,
por seus cabelos doirados.

Fica mais moça, e palpita,
e recupera a memória,
quando um dos netinhos grita:
- Ó vovó!, conte uma história!
com uma história bonita!

Então, com frases pousadas,

conta histórias de quimeras,
em que há palácios de fadas,
e feiticeiras, e feras,
e princesas encantadas...

E os netinhos estremecem,
os contos acompanhando,
e as travessuras esquecem,
até que, a fronte inclinando,
sobre seu colo adormecem...

Olavo Bilac

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Não fiz nada.

Daqui a pouco acaba o dia.
Não fiz nada.
Também que coisa é que faria?
Fosse o que fosse, estava errada.

Daqui a pouco a noite vem.
Chega em vão
Para quem como eu só tem
Para a contar o coração.

E após a noite a irmos dormir
Torna o dia
Nada farei senão sentir.
Também que coisa é que faria?

Fernando Pessoa

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Zé (PAI)

                 Para poder escrever a minha tese, tive de revirar todos os papéis que acumulei durante a faculdade. Já lá vão 10 anos! E, no meio do espólio, descobri as dedicatórias que levarei nas minhas fitas até ao final dos meus dias. Algumas das pessoas afastaram-se, mas a maioria das dedicatórias trouxe um sorriso sincero à minha cara.
                 No meio delas, a que mais me emocionou foi a do meu pai. O meu pai é um homem para quem não é fácil exprimir afecto. Por isso, em linhas simples, desejou-me mais do que o que pretendo para mim.
       “Querida Filha, Deus te dê tudo quanto desejas. Que o mundo seja pequeno para ti. Zé (PAI)”
                 Não devemos esperar que uma discussão ou a morte nos separem para dar valor a quem amamos. Farei, todos os dias, por cumprir o teu desejo para mim.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Do coração à acção

E, às vezes, a pergunta que tens de colocar a ti próprio é:
"O que é que tens a perder que já não perdeste?"

E depois vai, mexe-te, faz e acontece!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Esperança...

                  Este Verão, fui visitar Auschwitz. É uma visita pesada. Olhar nos olhos dos rostos assustados espalhados pelas paredes... Saber as histórias de horror, de pura maldade... Ouvir o pulsar dos corações que se perderam... E adivinhar as experiências de malvadez que aquelas pessoas praticaram gratuitamente... Ter a certeza de que a História se repete todos os dias, hoje em dia...
                  Animaram-me as histórias de coragem de homens e mulheres que se faziam prender para proteger outras pessoas, desconhecidos, por princípio! Pessoas grandes, anónimos, que deram a vida para saber fazer ao mundo o que se estava a passar ali. Pessoas que foram ignoradas por tempo demasiado!
                 Ao contrário do que muita gente pensa, hoje em dia, acontecem coisas similares ao que lá se passou. Não é uma situação que se resolveu. Por isso, espero que, quem saiba e possa e queira, se arrisque para salvar vidas, para mudar a História. Espero que, no mundo, nunca se apague a chama da coragem! E espero, acima de tudo, que chegando essa oportunidade até mim, eu tenha coragem para dar o meu melhor para ajudar os outros.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Orar sempre me confortou. É uma forma preguiçosa de me sentir melhor. Mas, na verdade, se pensar bem nisso, é a forma de me aproximar de Ti. Estás sempre presente, mas quase nunca te falo. Por isso, hoje, vou falar-Te. Por favor, caminha do meu lado, observa os meus passos para que não se afastem dos Teus e conduz-me por onde deva ir para cumprir a Tua vontade. Obrigada!