Eu tenho de desabafar...
Os trabalhos estão a ser demais. Não permitem que tenhamos vida pessoal, nem sequer que descansemos direito. Eu nem tenho tempo para reivindicar!
Que psicólogos são estes que nos dão aulas?! Psicólogos que não têm em consideração o facto de estarmos numa idade em que nos é pedido, segundo Erikson, que nos embrenhemos em relações íntimas e aprendamos a lidar com as diferenças de outros sem deixarmos de ser nós? Psicólogos que não têm em consideração o facto de precisarmos de actividades exteriores à faculdade, actividades de leitura, lazer, prazer, divertimento, cultura, desporto...? Psicólogos que não têm em consideração que um aluno também pode querer ser profissional e querer esmerar-se no seu trabalho, mas que fica com as mãos atadas pela impossibilidade de ter tempo para o fazer com a qualidade que desejava?
Pregam-nos as teorias que nos ensinam a viver com qualidade mental, que nos incentivam o sono regular e que permita o descanso, que nos ensinam a viver sem ansiedade para nos conservarmos saudáveis, mas prendem-nos com trabalhos sem pensarem que talvez sejamos pessoas, pessoas que eles estudam, pessoas que eles dizem tentar ajudar.
Não somos só alunos, somos pessoas. Eu gostava de poder ser uma filha também e ter tempo para ajudar a minha mãe e o meu pai no que fazem. Gostava de ser uma irmã e de ajudar o meu irmão nesta fase feliz mas complicada da vida dele, de me poder divertir com ele, de simplesmente conviver com ele. Gostava de ser uma amiga como deve ser e poder ouvir os problemas dos meus amigos sem dizer "agora não posso. estou a trabalhar", de poder ir sair com eles, de os poder ver. Gostava de poder ser uma rapariga normal e poder sair, conhecer gente nova, poder recuperar do ano difícil que o que passou foi, de aprender a rir com sinceridade de novo, de tomar decisões bem pensadas e reflectidas, de retomar o meu antigo sono, de retomar as rédeas da minha vida.
Mas, para além de todos os problemas que eu poderia ter, a escola poderia não ser o maior. Dava jeito.
Senhores Professores, tenham paciência. Reúnam no início do ano, avaliem o processo no seu todo, decidam com consciência do que estão a fazer. Estou fartinha de ouvir alguns dizerem que vos ultrapassa as decisões exteriores à vossa cadeira. Para que existe um Conselho Pedagógico, se não é para também decidir, por último, o que cada cadeira deverá abordar e como será avaliada, e o panorama geral de cada ano, do curso em si? Se nos temos de queixar de cada vez que algo vai mal e se temos de ser nós a fazer esse trabalho enquanto sofremos as consequências, então ao menos paguem-nos.
Desculpem-me o desabafo, mas já é demais. Não é normal que pessoas nos seus 21/22 anos tenham um cansaço tão grande na cabeça, nos olhos, nos ombros, na vida. Deixem-nos ser jovens!
E depois há todas as outras pessoas, exteriores a isto tudo. Umas acham que andámos a dormir o semestre todo e só agora começamos a arregaçar as mangas. É mentira! Eu apresentei vários trabalhos desde o início e só me estou a queixar agora. Outras acham que é muito bem feito, nós somos jovens, temos de trabalhar... Não respondo a estas. Outras ainda acham que isto são tudo desabafos e não sabemos o que é trabalhar a sério. Grrrrr. Também não respondo a estas.
Ai! Assim é que não. Estou mesmo exausta. Não é só desabafo. Não sei se há pessoas que conseguem fazer tudo com uma calma desgraçada. Talvez haja. Talvez, Simão, tu sejas um deles. Mas eu não. Eu estou caída no chão e o pano está-me por cima. Mas ainda não estou derrotada. Não desistirei. Ah não! Não vou ficar mais um ano para trás. Depois disto, serei capaz de tudo. Venha daí o 4º e o 5º! E Professores, no próximo ano, não serei tão caladinha.
Vou trabalhar...
Eu tenho a sorte de ter alguns docentes que atrasam a entrega dos trabalhos para que nós tenhamos vida pessoal. No ano passado aconteceu o que te está a acontecer e nós mandamos uma carta para o nosso coordenador de curso e logo depois houve uma reunião com todos os responsáveis de turma e com todos os docentes do nosso curso e ficou tudo resolvido. As datas foram alteradas e o equilibrio voltou. Não quero dizer que não há stress, o stress existe sempre mas não da forma como o estás a viver, não estamos sob essa pressão e temos tempo, felizmente, a ter a nossa vida pessoal. Fico triste pela tua faculdade ter esse tipo de regras. Não entendo como é que professores que já foram alunos vos deixam passar por isso na vida. Dou muito valor aos professores mas nesse aspecto acho completamente desumano. Não somos máquinas, não somos iguais a computadores, essa comparração já foi ultrapassada. Deixem as pessoas também viverem a vida delas. Como é que alguém pode ter a mínima saúde mental se vivermos assim? É triste viverem assim e ainda por cima terem esse tipo de memória da nossa vida académica.
ResponderEliminarComo te compreendo...
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