Ultimamente sinto que já não sei escrever como dantes. Não sei se será falta de inspiração ou perda de capacidade. Tal como tudo na minha vida, perdeu o encanto.
Ter alguém. Construir sonhos e projectos e vida. Sentir aquele arrepio de medo da perda, porque se tem algo para perder. Ser amada. Dar as mãos. Sorrir só porque sim. Sentir-me segura. Acreditar.
Não é porque tenho medo de estar sozinha que me vou conformar com algo que não seja o que eu quero. De novo, centro e não satélite. Será assim ou não será de todo. Parece-me bem.
Estou no centro de mim e da minha vida e não gosto. Não gosto de sentir que não estou a construir nada. Queria que as palavras bonitas para dizer isso viessem até mim, mas não vêm. Não gosto de me sentir como um fim em mim mesma; que a única pessoa que depende de mim seja apenas eu; que os sonhos sejam só feitos por mim; que a vida seja uma perfeita incógnita.
Já não rezo como antigamente. Não deixer de ter Fé em Ti. Não deixei de Te temer. Não foste Tu quem se afastou. É de mim que vem algo que não é dúvida ou medo ou confusão. Simplesmente, a criança que havia em mim está a apagar-se e a Tua Luz não me chega como dantes. Os erros que cometi, as mentiras que disse e que feriram, as que me feriram a mim, as memórias, as saudades talvez me tenham feito crescer. Talvez esteja mais madura, mais racional, mais realista, fria e calculista. Mas levaram a criança de mim que acreditava, que sorria, que lutava, que sentia, que rezava. A inocência apaga-se e vai com ela a Vida. És Pai e Vida. Vem Tu até mim e faz com que a minha insognificância se torne mais Tua.
Que saudades do tempo em que saltava da cama cheia de vontade de viver mais um dia! Saudades não dão vontades. É uma pena!
Sem comentários:
Enviar um comentário