Um dia já fomos assim, já quisemos viver tudo de uma só vez: sofrimentos, tristezas, angústias, saber como dói ser um herói de romance, de sentir que é tudo uma mágoa só e que nunca, nunca vai ficar tudo bem. Um dia já quisemos chorar tudo, deitar a tristeza para fora num só grito de desespero para que toda a gente ouça o que dói aqui dentro. E dói tanto, por vezes... Um dia já quisemos olhar para o mundo e morrer num sopro de cansaço e nunca mais sentir nada, porque o coração não aguenta mais de tanto se gastar na vida. Um dia quisemos todos viver histórias para contar nos filmes, mas nunca a quem pensa que nos conhece. Um dia quisemos ser o erro e o lamento de vidas impossíveis de serem sentidas todas numa só dor. Um dia quisemos todos ser o que só alguns almejam: a coragem de sofrer e de enfrentar o sofrimento e ser feliz quando se sofre. Um dia quisemos todos entender porque se sofre e se é feliz ao mesmo tempo, sabendo que só sofre quem se arrisca, quem se dá à vida, quem vive realmente e não tem medo das arestas da calçada onde descansamos. Um dia todos quisemos nunca mais sorrir só para saber como é ser um farrapo, uma réstia de vida, deitada, derrotada, "desistida" de si mesma.
Um dia olharemos para trás nos olhos duma criança desejosa disso tudo e teremos pena que a vida se viva um dia atrás do outro e não num momento de êxtase e paixão e heroísmo. Pensaremos em tudo o que tentamos esquecer, esconder, viver pelos filmes e pelas músicas, e não nas coisas que valorizamos todos os dias e que, no final, nada valem, nada pesam, não importam. Um dia, vamos deixar de criticar as pessoas que cometem muitos erros e se magoam muito, porque saberemos que sempre quisemos ser essa pessoa, mas foi sempre mais fácil fazer o que é certo, foi sempre mais fácil procurar o caminho da felicidade, em vez de a vivermos no caminho que nos calhar.
Um dia, vais olhar e vais arrepender-te de tudo o que não viveste, de ter fugido de tudo o que receaste. Onde houver medo, que haja a coragem! E quando estiveres a sofrer de novo, vira-te de frente para o que te magoa e abraça-o e arrisca-te. Vive a tua vida, não a escolhas. Não te conformes, mas vive-te. E deixa que o sofrimento te pise e te derrote. Não tenhas medo de sofrer. Tem medo de não viver tudo o que se atravessou no teu caminho.
Um dia olharemos para trás nos olhos duma criança desejosa disso tudo e teremos pena que a vida se viva um dia atrás do outro e não num momento de êxtase e paixão e heroísmo. Pensaremos em tudo o que tentamos esquecer, esconder, viver pelos filmes e pelas músicas, e não nas coisas que valorizamos todos os dias e que, no final, nada valem, nada pesam, não importam. Um dia, vamos deixar de criticar as pessoas que cometem muitos erros e se magoam muito, porque saberemos que sempre quisemos ser essa pessoa, mas foi sempre mais fácil fazer o que é certo, foi sempre mais fácil procurar o caminho da felicidade, em vez de a vivermos no caminho que nos calhar.
Um dia, vais olhar e vais arrepender-te de tudo o que não viveste, de ter fugido de tudo o que receaste. Onde houver medo, que haja a coragem! E quando estiveres a sofrer de novo, vira-te de frente para o que te magoa e abraça-o e arrisca-te. Vive a tua vida, não a escolhas. Não te conformes, mas vive-te. E deixa que o sofrimento te pise e te derrote. Não tenhas medo de sofrer. Tem medo de não viver tudo o que se atravessou no teu caminho.
Mais uma vez aqui estou
ResponderEliminarCaido no meu canto
Recordo tudo o que passou
E quebro todo o encanto
Deste feitiço que fiz
E que me tomou e controlou
E assim apenas digo o que este diz
Este terrivel encanto que me abraçou
Estou farto de tanto falar
De tanto sonhar
De tanto viver
E no entanto, tanto sofrer
Já me julguei um anjo caido
Mas apenas quando vi o que tinha perdido
Tive consciencia de que sou
Apenas uma folha que o vento levou
Não o proprio vento, como em tempos disse
Ajudando quem me pedisse
Dando sem nunca pedir de volta
Sem nenhuma sombra de revolta
Agora aqui estou
Sem me conseguir sequer ajudar a mim mesmo
Tentando limpar
As marcas que o tempo deixou
Sou apenas a restia de uma bela pluma
Que não foi feito para voar
Mas para simplesmente enfeitar
Um belo chapéu de condessa
E mesmo essa coitada
Já morreu na decada passada
E a pluma assim continua
já corruida pelas traças
E vitima de todas as desgraças
Estou vivo eu sei
Mas como poderei
Olhar um espelho quebrado
Que me assombra com o passado
E com o meu coração
Há já algum tempo enterrado?
E assim vivo uma mentira
Dizendo que tudo ultrapassei
Que tenho muito mais do que alguma vez pedira
E no entanto, estou incompleto
Enterrei o meu coração
E por pouco não estou também morto
Mas longe disso não fiquei
Tudo pelo sofrimento, e pela mentira que furgei