quinta-feira, 26 de junho de 2008

Coisas interessantes

Toda a obra dele é fantástica. Mas a que mais me apaixonou nele foi mesmo a crença de que Portugal, pela sua Língua e Cultura, poderia vir a encabeçar o Quinto Império. Mas os portugueses murcharam e são os americanos quem mandam. E não mandam como ele sonhava para nós. Aqui fica um poema. Em tua honra, Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935).




(Retrato de Fernando Pessoa feito por João Luiz Roth)


O Quinto Império



Triste de quem vive em casa,

Contente com o seu lar,

Sem que um sonho, no erguer de asa,

Faça até mais rubra a brasa

Da lareira a abandonar!



Triste de quem é feliz!

Vive porque a vida dura.

Nada na alma lhe diz

Mais que a lição da raíz --

Ter por vida sepultura.



Eras sobre eras se somem

No tempo que em eras vem.

Ser descontente é ser homem.

Que as forças cegas se domem

Pela visão que a alma tem!



E assim, passados os quatro

Tempos do ser que sonhou,

A terra será teatro

Do dia claro, que no atro

Da erma noite começou.



Grécia, Roma, Cristandade,

Europa -- os quatro se vão

Para onde vai toda idade.

Quem vem viver a verdade

Que morreu D. Sebastião?


Fernando Pessoa, in Mensagem

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