quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Back on black


Porque não posso ser também uma daquelas pessoas estúpidas, fúteis, completamente vazias de conteúdo, que apenas se preocupam com o que os outros pensam de si e com a forma como parecem e com o que brilha e lhes parece bonito e pouco complicado?

Ou ser também um daqueles intelectuais cujo prazer se revê em números ou letras ou descobertas ou curiosidades do mundo que não interessam a nenhum comum mortal e que apenas conseguem viver e lidar com a pequena bolha que se cria com o seu autismo desagradável?

Ou ser um amorfo ser do mato ou ser terra inerte e que não pensa e não sente e que, por isso, não quer nada?

Ou morrer e ser recordada hipocritamente por quem diz que quer saber, mas se afasta como se aqui houvesse peste. E tristemente por aqueles que sabem o que fui e tentaram que eu não visse hoje aquilo em que me tornei.


Mas afinal que é isto que sou?






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