sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Coisas tristes

Como uma ponte muito velha, muito gasta, muito usada, muito danificada, a que ninguém atribui confiança...

Como um papel muito velho, muito gasto, muito escrito e apagado, que não tem nada escrito que se veja mas cujo conteúdo apagado deixou as suas marcas...

Como uma mão muito velha, muito gasta, muito experiente, que não é bonita, nem especial....

Como um bocado de vida muito velho, muito gasto, muito lembrado, muito mexido, muito chorado, muito sentido, muito especial, que se guarda no fundo da mente e se procura sempre que se quer...

Assim a minha alma muito velha, muito gasta, muito usada, muito encardida pelas memórias, que eu não quero perder nunca.

Assim a minha vida muito velha, muito gasta, muito suada, muito em silêncio, muito secreta, muito só minha, que eu não sei para onde vai e ainda é tão nova.

Assim meus sonhos muito velhos, muito gastos, muito impossíveis, muito desejados, que eu aprecio e guardo só para mim.

Minha vontade de viver termina com a minha vontade de sentir, porque sentir (...) não é viver é existir, persistir, sobreviver teimosamente ao tempo com a esperança a pesar nas costas.

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