sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Baixo os olhos e não sinto. Deixo o mundo continuar lá fora. Não quero sair. Não quero ver os outros a viver e a sentir. Aqui é a vida que eu quero, que eu mereço, que eu consigo. E, finalmente, não dá mais. Não há mais lágrimas para chorar, nem pena para sentir por mim própria. Já não há espelhos que consigam reflectir tanta pobreza, tamanha pequenez.

A Pessoa sou eu. O mundo sou eu. O tempo fugiu, parou por aqui. Não quero abrir a janela a ver o mundo a continuar. Como podem haver sorrisos? Como pode continuar a mundo sem me ver? Quando é que o mundo vai parar para me deixar levantar e dar um passo sem o risco de cair e sofrer de novo? Para onde vão todos com tanta pressa, sem olhar para trás por um momento, para ver que eu estou aqui e que as pernas para andar já não as tenho, já mas tiraram, não voltam mais?

Fosse eu a brisa e saísse de mim enfim e voasse no vento e molhasse na chuva e vivesse pela vida dos outros. Fosse eu passado todos dias e voltasse a ser sorriso, liberdade e vida. Fosse eu limpa e pudesse ver-me sem a lama nos olhos e na alma. Fosse o mundo outro e mais leve, sem mim e sem a minha dor. Fosse eu mentira e houvesse calma.

Mas o mundo é isto e isto é dor e a dor sou eu.

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