terça-feira, 15 de abril de 2008

Coisas para pensar


Os dias vêm e os dias vão numa incessante troca de dias em que perdemos a noção de nós.
A vida passa e não há momento para parar e pensar um pouco. O que fiz? O que isso significa, na minha vida e na vida dos outros? O que vou fazer a seguir? Todas estas questões vão ficando sem respostas.

E há um dia em que se teima contra a vida e se pára e é o caos. Damo-nos conta de tudo: o que somos, o que fazemos e o que queremos. Este processo demora mais que um dia. Podia demorar uma outra vida. Mas é necessário, especialmente quando algo de verdadeiramente marcante sucede.

Muitas vezes, é precisa uma reconstrução da percepção da pessoa sobre si própria, da percepção dos outros sobre si, dos projectos de vida, e da forma de actuar perante ela. Nos meandros, desse processo podemos descobrir coisas sobre nós mesmos que nos assustam ou que nos surpreendem. É natural que se precise de um pouco de tempo para nos auto-analisarmos e compreendermos. É natural que fiquemos desiludidos e tristes. Como a avestruz, a vontade é enfiar a cabeça debaixo de areia e ali ficar até tudo fazer sentido de novo.


Ainda assim, trabalhamos, estudamos, socializamos e vamos, aos poucos, mudando tudo em nós e no que os outros vêem em nós. Vamos ficando pessoas mais sérias, menos alegres, muito mais conscientes do que fazemos e dizemos e mais distantes.

Não sei se todos passam por isso. Não sei se todos reagem igual. Sei que vejo muitas pessoas, como eu, que de repente mudam e ficam como descrevi. Não sei se mudam para melhor. Talvez com o tempo passe. Talvez com o tempo voltem a ser parte do que eram. Ou talvez o finjam, por opção, para não serem incomodados ou notados. Sei que é importante passarmos por este processo, de vez em quando. Talvez seja tão importante, como as cobras mudarem de pele ou as andorinhas regressarem todas as Primaveras.

1 comentário:

  1. "Muitas vezes, é precisa uma reconstrução da percepção da pessoa sobre si própria, da percepção dos outros sobre si, dos projectos de vida, e da forma de actuar perante ela." - Eu, na minha vida pessoal faço este processo com muita regularidade, tal como as actualizações do computador. Assim, permite-me gradualmente adaptar-me ao mundo (ir)real. É mais fácil para mim fazê-lo com a regularidade que faço. Mas, como é óbvio, qualquer decisão tem prós e contras.

    "Ainda assim, trabalhamos, estudamos, socializamos e vamos, aos poucos, mudando tudo em nós e no que os outros vêem em nós. Vamos ficando pessoas mais sérias, menos alegres, muito mais conscientes do que fazemos e dizemos e mais distantes." - É um facto que nos tornamos estes seres isolados e distantes, diria mesmo à margem da sociedade (ou a caminhar para). Mas isso é um sinal de maturação psicológica, crescimento,... se leva para caminhos longínquos da "felicidade" isso já depende da forma como tu encaras a nova forma de estar, sentir e pensar... é necessário acompanharmos estas mudanças, senão caímos o risco de ficar presos ao passado (ao que fomos)!

    Mas a loucura da vida é só conseguirmos reconhecer o que fazemos no presente, bem lá no futuro! Se conseguirmos chegar lá é porque conseguimos encarar a nova forma de vida, mas não compreendê-la e aceitá-la como é óbvio!

    Fui claro?

    TSB

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