sábado, 12 de setembro de 2009

Antes que seja tarde

Amigo,

tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar

e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosse a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
abre os braços e luta!

Amigo,

antes de a morte vir

nasce de vez para a vida.


Manuel da Fonseca



Há obras de arte que nos fazem perceber como de facto o amor deve ser. Um poema que nos diz que devemos acordar para a vida e vivê-la intensamente, seja luta ou prazer. Ou um filme que nos demonstra nos olhos de uma personagem ou pela realização de uma perda irremediável.


O filme "Love and Prejudice" mostra o amor pelos olhos de um homem torturado por uma sensação completamente nova e inesperada que consome todas as instâncias da vida. Mostra como uma mulher deve ser tratada e como a arrogância nos afasta de quem nos procura com insegurança.


O filme "Paited Veil" mostra como um erro não destrói necessariamente todas as hipóteses de um amor verdadeiro, daqueles que cresce com o tempo, que ultrapassa as primeiras, segundas e demais aparências. Mostra como o amor pode cavalheiro, persistente, insistente, espontâneo, bruto e desesperante, sem nunca desistir, sem nunca morrer. Mostra como as segundas oportunidades devem ser concedidas e aproveitadas.


É pena não podermos apreciar a nossa vida como um filme. Aperceber-nos-íamos de muitos mais pormenores, sentimentos, ilusões, ... A vida seria definitivamente mais fácil e divertida. But then again, perderíamos a emoção, a liberdade de escolher.


Não vou tirar nenhuma conclusão espectacular. Não que ela não exista. Mas simplesmente porque é óbvia.

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