segunda-feira, 5 de abril de 2010

Coisas soltas

Ultimamente sinto que já não sei escrever como dantes. Não sei se será falta de inspiração ou perda de capacidade. Tal como tudo na minha vida, perdeu o encanto.

Ter alguém. Construir sonhos e projectos e vida. Sentir aquele arrepio de medo da perda, porque se tem algo para perder. Ser amada. Dar as mãos. Sorrir só porque sim. Sentir-me segura. Acreditar.

Quero tudo e mereço tudo. Todos os erros que cometi, acrescentaram-me valor. Qualidades que não encontro em todas as pessoas: humildade para reconhecer erros; coragem para os admitir; audácia para deles retirar uma lição.

Não é porque tenho medo de estar sozinha que me vou conformar com algo que não seja o que eu quero. De novo, centro e não satélite. Será assim ou não será de todo. Parece-me bem.

Estou no centro de mim e da minha vida e não gosto. Não gosto de sentir que não estou a construir nada. Queria que as palavras bonitas para dizer isso viessem até mim, mas não vêm. Não gosto de me sentir como um fim em mim mesma; que a única pessoa que depende de mim seja apenas eu; que os sonhos sejam só feitos por mim; que a vida seja uma perfeita incógnita.

Já não rezo como antigamente. Não deixer de ter Fé em Ti. Não deixei de Te temer. Não foste Tu quem se afastou. É de mim que vem algo que não é dúvida ou medo ou confusão. Simplesmente, a criança que havia em mim está a apagar-se e a Tua Luz não me chega como dantes. Os erros que cometi, as mentiras que disse e que feriram, as que me feriram a mim, as memórias, as saudades talvez me tenham feito crescer. Talvez esteja mais madura, mais racional, mais realista, fria e calculista. Mas levaram a criança de mim que acreditava, que sorria, que lutava, que sentia, que rezava. A inocência apaga-se e vai com ela a Vida. És Pai e Vida. Vem Tu até mim e faz com que a minha insognificância se torne mais Tua.


Que saudades do tempo em que saltava da cama cheia de vontade de viver mais um dia! Saudades não dão vontades. É uma pena!

Ser quem queremos ser. Seremos impossíveis na vontade ou preguiçosos na realidade?

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